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A Tensegridade e a Respiração

Atualizado: 10 de abr. de 2023


A respiração é algo muito importante para a Tensegridade!


Segundo Dom Juan Matus, os xamãs do México antigo dividiam a respiração em três tipos: a respiração com a parte superior dos pulmões, a respiração com a parte média dos pulmões e a respiração abdominal, que expande o diafragma, que eles chamavam de “respiração animal” e praticavam assiduamente a fim de garantir saúde e longevidade.


Já em sua época Don Juan Matus sustentava que o ser humano tem a tendência de respirar superficialmente e que muitos dos problemas de saúde do homem moderno poderiam ser corrigidos facilmente através de uma respiração profunda.


Temos muitos passes mágicos na Tensegridade que utilizam respirações como forma de proporcionar um estado de bem estar, relaxamento físico e silêncio mental, além de melhorar nossa atenção, a capacidade de entendimento e a concentração.


A respiração, além de obviamente essencial para nossa sobrevivência, é fundamental para iniciar um ciclo que vai resultar em uma memória excelente:


Uma boa respiração pode acalmar o corpo > o que vai acalmar a mente >trazendo o silêncio interior > o qual permite maior atenção > ampliando nossa percepção > repercutindo em uma memória excelente.


Esse deveria ser o ciclo ideal, porém, as circunstâncias do desenvolvimento humano alteraram a nossa respiração afetando todo esse ciclo.


O processo da respiração, constituído por inspiração e expiração, na maioria das pessoas ocorre numa frequência média de 12 a 14 vezes por minuto na vigília, muito mais rápido do que seria necessário, podendo alterar-se drasticamente conforme o que estivermos fazendo ou sentindo. Sob estresse, por exemplo, pode chegar a até 100 vezes por minuto.


Passamos a vida em uma sociedade que não prima em proporcionar a todos bem-estar, saúde e satisfação sendo, portanto, altamente geradora de emoções negativas e do seu inseparável companheiro o estresse.


É claro que, embora nos compliquem a vida, as emoções negativas têm seu valor do ponto de vista da sobrevivência porque são um sinal de que algo está errado ou de que é preciso fazer alguma coisa para evitar um possível problema.


A ansiedade numa entrevista de emprego, a raiva quando nos agridem ou o medo frente a uma pandemia, são plenamente justificáveis e podem fornecer importantes informações sobre nós e o que está se passando ao redor, nos ajudando a tomar decisões melhores no futuro.


Infelizmente, a maioria das pessoas não tem consciência do quanto a percepção e o comportamento são condicionados por emoções como o medo, a raiva e a ansiedade, entre outras, e do quanto isso afeta a nossa respiração.


A raiva, por exemplo, está associada a inspirações superficiais, expirações fortes e uma contração do corpo – principalmente no pescoço, mandíbula, peito e mãos; o medo está relacionado a inspirações rápidas, superficiais e irregulares e à sensação de um nó apertado na parte inferior do abdômen; a tristeza e o pesar estão ligados a um tipo espasmódico, entrecortado e superficial de respiração e a uma sensação de vazio, um oco, no abdômen; a impaciência se associa a inspirações curtas, descoordenadas, como se aos saltos, e a tensões no peito, como se o coração estivesse querendo saltar fora dele; a culpa e autocritica estão ligadas a uma respiração constrita, sufocada e a uma sensação generalizada de esmagamento; o tédio está associado a um tipo de respiração superficial e sem vida e a poucas sensações em qualquer parte do corpo e por aí vai.


Incapazes de imaginar verdadeiras soluções para os diversos tipos de estresse a que somos submetidos diuturnamente, fomos com o tempo desenvolvendo formas de “lidar” com os efeitos que provocam em nós, buscando alívio rápido em algum estímulo excessivo – álcool, drogas, fumo, comida, sexo, adrenalina, televisão, mídias sociais, etc.


Acostumamo-nos tanto a conviver com elevados níveis de estresse e com emoções negativas habituais que acabamos por achá-los “normais”, não percebendo o alto preço que cobram de nossa saúde e vitalidade.


Hoje em dia se acredita que os distúrbios, direta ou indiretamente relacionados ao estresse, produzem cerca de 50 a 80% do total de doenças. Entre esses distúrbios incluem-se a hipertensão, as cardiopatias, a síndrome do cólon irritável, a depressão, a ansiedade, a artrite, a insônia, úlceras, resfriados crônicos, certos tipos de câncer e muitos outros mais.


Emoções negativas crônicas e o estresse decorrente acionam sistematicamente nosso Sistema Nervoso Simpático, alterando o regular equilíbrio dinâmico do Sistema Nervoso Autônomo prejudicando nossa saúde, energia e vitalidade.


O Sistema Nervoso Autônomo faz parte do Sistema Nervoso e é composto por duas partes distintas - Simpático e Parassimpático:


O Sistema Nervoso Autônomo Simpático, que prepara o corpo para a reação de “lutar ou fugir”, funciona de modo “empático” em relação às nossas emoções, principalmente as que dizem respeito ao medo, ao perigo e à excitação. Suor, boca seca e outros indícios são sinais de que ele está em ação.

Os impulsos nervosos transmitidos ao corpo por esse sistema reduzem a mobilidade dos órgãos digestivos, aumentam a frequência cardíaca e a pressão sanguínea, constringem os vasos sanguíneos, dilatam as vias aéreas pulmonares, liberam o açúcar armazenado no fígado e bombardeiam o organismo com descargas de adrenalina e norepinefrina, produzidas pelas glândulas suprarrenais, de forma a liberar mais sangue e energia para a ação. De modo geral o ramo Simpático do Sistema Nervoso Autônomo estimula ações que mobilizam energia, permitindo ao organismo responder a situações de estresse.


Por sua vez o Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático estimula principalmente atividades relaxantes, como a redução do ritmo cardíaco e da pressão arterial, acalmando e restabelecendo o corpo após uma situação de emergência, economizando e conservando a energia do organismo.


Essas duas vertentes atuam normalmente em simultâneo, sendo do equilíbrio entre a força de ação de cada uma delas que nasce a extrema capacidade regulatória do Sistema Nervoso Autônomo.


Os dois Sistemas têm funções contrárias, um corrigindo os excessos do outro. Por exemplo, se o ramo Simpático acelera demasiadamente as batidas do coração, o Parassimpático entra em ação, diminuindo o ritmo cardíaco. Se o Sistema Simpático acelera o trabalho do estômago e dos intestinos, o Parassimpático entra em ação para diminuir as contrações desses órgãos.


Nossa respiração também é controlada pelo Sistema Nervoso Autônomo, sendo em sua maior parte involuntária. Porém, convivendo com o estresse crônico, desenvolvemos o hábito de inspirar rápida e superficialmente com o alto do peito. Essas inspirações breves e superficiais reduzem o volume de oxigênio recebido pelo corpo e pelo cérebro e a falta de oxigênio aciona o Sistema Nervoso Simpático – o reflexo de “lutar ou fugir” -, nos tornando tensos, ansiosos e irritadiços.

Além disso, reduz a nossa capacidade de raciocinar com clareza e tende a colocar-nos à mercê de pensamentos e imagens obsessivos.


Alguns pesquisadores acreditam que esse tipo de respiração possa realmente aumentar nossos problemas e conflitos psicológicos. Mas, assim como sem querer, com nossas atitudes impensadas, alteramos o delicado equilíbrio do Sistema Nervoso Autônomo, podemos fazer o caminho contrário, aprendendo a controlar a respiração, acionando a inteligência pacífica e onipresente do corpo, o Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático.


Nosso corpo é capaz de grande inteligência, sensibilidade e ação quando consegue libertar-se de tensões desnecessárias.


Aprendendo a respirar adequadamente, relaxamos o corpo e liberamos o cérebro para captar e reagir a uma gama maior e mais sutil de dados e impressões. Esse aumento da “liberdade de percepção” é um dos principais fatores na promoção da saúde, pois permite que o cérebro e outros sistemas do corpo utilizem ao máximo sua propriedade de identificar problemas e reagir adequadamente. Os hormônios, enzimas, endorfinas, células T e neuropeptídios produzidos pelo organismo mudam drasticamente na proporção do aumento da capacidade perceptiva. Com esse aumento, nossas energias não ficam presas a velhos padrões, mas livres para reagir às reais necessidades e possibilidades do momento.


É a capacidade de ser sensível ao que se passa dentro de nós, mesmo em meio à ação, de estar relaxado e livre o bastante para perceber as sutis variações nos sentimentos e sensações, que jaz no âmago da saúde e do bem-estar. E é por meio da respiração que podemos começar a ter contato com essa sensibilidade e essa liberdade.


Ouça seu corpo, ele diz o que precisa o tempo todo!


Atividades como a Tensegridade e a Dança Circular, por exemplo, podem ser coadjuvantes nesse processo por serem excelentes formas de trabalhar o estresse e as emoções que nos trazem mal estar, nos dando a oportunidade de praticar respirações e movimentos diferentes do habitual, movimentando a nossa energia e trazendo mais ânimo e vitalidade, razão pela qual acreditamos devem ser cada vez mais difundidas e praticadas.


Bibliografia:

Cleargreen – www.castaneda.com

Wikipédia

Livro Passes Mágicos de Carlos Castaneda

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