A palavra “tolteca” deriva do idioma “Náuatle” usado pelos Astecas que dominavam a região central do México durante a conquista espanhola no início do século XVI.
Segundo os linguistas do século XX o idioma “Náuatle” clássico e seus parentes modernos, fazem parte da família uto-asteca, um dos grupos linguísticos indígenas mais difundidos das Américas, tanto em extensão geográfica quanto em número de variedades. São falados na região oeste dos Estados Unidos, passando pelo leste, centro e sul do México até partes da América Central.
Nesse idioma a palavra “tolteca” significa “artista, artesão ou sábio” e a palavra náuatle “toltecayotl” significa “arte, cultura, civilização e urbanismo”.
Ao longo do tempo diferentes estudiosos deram diferentes enfoques a esse termo. Alguns mais preocupados com as pesquisas e descobertas arqueológicas consideraram os Toltecas um povo pré-colombiano habitante da região mesoamericana, que dominou grande parte do México central a partir do século X e foi expulso do seu habitat pelos Astecas no século XII, deixando como legado o calendário, a escrita e o trabalho em metal.
Outros, além das descobertas arqueológicas, consideram também as lendas dos Astecas e povos da região e as estórias e relatos dos Jesuítas, entre outros. Para esses, mais do que populações reais e políticas pré-colombianas do México central, os Toltecas foram também os antepassados míticos mencionados nas narrativas históricas como criadores de toda a civilização.
A história da cultura Tolteca é envolta em mistério, mas existem relatos, mitos e lendas referindo-se a eles como “homens e mulheres de conhecimento” e considerando o termo como indicativo de poder, cultura e civilidade, tanto que civilizações tão diversas como os Astecas, os Maias e os Quichés da Guatemala alegavam ter ascendência tolteca para comprovar seu valor/status perante os demais.
Um desses antigos mitos Asteca fala de uma cidade maravilhosa chamada Tollan, capital da cultura Tolteca, nome a partir do qual teria derivado o termo Tolteca para designar o habitante dessa cidade. Esta interpretação argumenta que qualquer grande centro urbano nessa época poderia ser considerado como "Tollan" e seus habitantes como Toltecas.
Supõe-se que a cidade de Tula no México seria a mítica Tollan dos Toltecas, em volta da qual hoje existem antigas ruinas e sítios arqueológicos, objetos de pesquisas e estudos, dentre as quais estão as famosas “Atlantes de Tula” gigantescas e misteriosas estatuas citadas na obra de Carlos Castaneda.
Outra antiga cidade mexicana que se especula poderia ser a mítica e divina capital dos Toltecas é a famosa Teotihuacán em face do esplendor, mistério e riqueza cultural ali encontrados e de ser conhecida como o lugar onde “o homem se torna deus”.
Teotihuacán nos primeiros séculos de nossa era se expandiu grandemente para além de suas fronteiras, mas a sua expansão não foi conseguida como de hábito pelas armas e sim pelo uso sábio do comercio e da religião. Quando a cidade se tornou grande e poderosa as casas passaram a ser edifícios de pedra substituindo as cabanas de madeira e palha e os seus palácios eram ricamente decorados com pinturas murais.
Durante o seu apogeu influenciou muito povos vizinhos e inspirou outras culturas tendo ainda legado conhecimentos científicos e culturais às sociedades posteriores. A sua decadência e posterior destruição também estão envoltas em mistério não se conhecendo muito bem a causa, tendo acontecido entre o ano 650 e o século VIII e levado outros centros que dela dependiam cultural e comercialmente ao declínio, como Monte Albán e a civilização Maia.
Durante o século XX a palavra Tolteca adquiriu um novo significado, grande parte em virtude do uso da palavra feito por Carlos Castaneda e outros estudiosos inspirados por ele.
Para eles o termo “Tolteca” não se refere apenas ao povo histórica e geograficamente designado por esse nome, antes significando “pessoas de conhecimento”, empenhadas em explorar os limites da consciência e da percepção humana. E a antiga Sabedoria Tolteca seria um vasto e rico corpo de conhecimentos e práticas, acumulados ao longo de milênios, mantidos em segredo e ao alcance de poucas pessoas praticando em grupos fechados.
Carlos Castaneda em seu livro Passes Mágicos falando sobre a época em que surgiu o conhecimento Tolteca exposto em sua obra diz o seguinte: “para Dom Juan, “tempos antigos” significava algo em torno de dez mil anos atrás, um número que pode parecer incongruente para os esquemas classificatórios dos acadêmicos modernos. Quando mencionei a Dom Juan a discrepância entre sua estimativa e a que eu considerava ser mais realista, ele permaneceu inflexível em sua convicção. Acreditava piamente que as pessoas que viveram no Novo Mundo há dez mil anos atrás estavam profundamente interessadas em questões sobre o universo e a percepção, nas quais o homem moderno nem sequer começou a penetrar”.
Carlos Castaneda
Quem primeiro trouxe a público esses conhecimentos e práticas da cultura Tolteca foi o Antropólogo Carlos Castaneda, juntamente com suas companheiras Carol Tiggs, Florinda Donner-Grau e Taisha Abelar. Durante anos eles foram treinados nessas práticas por Dom Juan Matus, herdeiro de uma linhagem de xamãs videntes que diziam existir há 25 gerações.
Dom Juan era um índio nascido em Yuma, Arizona, sul dos Estados Unidos, filho de um índio Yaqui de Sonora, norte do México, com, presumivelmente, uma índia Yuma do Arizona. Após a morte do seu pai nas endêmicas guerras Yaquis contra os mexicanos, aos dez anos de idade foi morar com parentes no sul do México, entrando em contato com essa linhagem de xamãs videntes aos vinte anos de idade.
Carlos Castaneda, oficialmente, foi um escritor e antropólogo nascido em Cajamarca, no Peru, em 25/12/1925, e falecido em Los Angeles, EUA, em 27/04/1998, que se notabilizou por sua polêmica obra onde relata suas experiências com seu Mestre Dom Juan. Extraoficialmente, porém, especula-se que ele era brasileiro, nascido no interior de São Paulo, havendo inúmeras dúvidas sobre data e local do seu nascimento, sua vida e sua morte.
Após esses dez anos de treinamento Carlos e suas companheiras dedicaram mais vinte anos de suas vidas para resgatar, codificar e contextualizar os conhecimentos e práticas recebidos, de uma forma que fosse adequada para ser praticada e entendida por todas as pessoas, experiência narrada em mais de dez livros escritos por ele e suas companheiras, publicados a partir da década de 70.
Se mantida nos moldes originais de transmissão, onde os conhecimentos e práticas eram ensinados apenas aos membros da linhagem, que os realizavam individual e secretamente, a Sabedoria Tolteca jamais teria vindo a público. Porém, quando Castaneda, Carol, Florinda e Taisha decidem tornar público, contemporâneo e acessível esse rico conhecimento alteram o rumo da linhagem, garantindo a sobrevivência da Tradição Tolteca, desenvolvendo um conjunto de práticas, conceitos e princípios hoje conhecidos como Tensegridade.
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