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Ancestrais




Costumamos acreditar, principalmente quando jovens, que o mundo começou quando nascemos e que não havia nada antes que valesse a pena conhecer. É comum pensar que a contribuição de outras pessoas para o que nos tornamos é insignificante e que estamos sozinhos. Não há nada mais longe da verdade.

 

A Genealogia, que é uma ciência auxiliar da História, ao desvendar as origens das pessoas e famílias por intermédio do levantamento sistemático de seus antepassados ou descendentes, nos ajuda a entender que todos nós pertencemos a alguma linhagem.

 

A Biologia também contribui com esse entendimento, em especial no estudo que faz da evolução das espécies. Nesse estudo costuma-se usar a expressão ancestral comum universal para o antepassado de diferentes espécies e, por essa ancestralidade comum, constrói-se o sequenciamento de dados moleculares e matrizes de dados morfológicos indicando uma história comum, porém não significando necessariamente ancestralidade direta.

 

Para o ser humano a ancestralidade é a via de identidade histórica. Sem ela não sabemos o que somos e perdemos a conexão com nossa origem, que é o que nos dá um sentido de continuidade.

 

Todos nós pertencemos a pelo menos uma linhagem, senão a várias. A primeira dessas linhagens é a nossa família começando pelos nossos pais, que são a primeira geração de antepassados, seguidos pelos nossos avós, bisavós e assim por diante. Também pertencemos a um país, à cultura em que vivemos, sem contar as espécies de mamíferos, de animais, plantas, estrelas, etc.

 

Nossos pensamentos são povoados de vozes familiares, imagens e personagens que permanecem em nossa memória, como testemunho de um passado que nos interliga a todos aqueles que nos precederam, permitindo resgatar nossa história pessoal e entender porquê somos como somos.

 

Em nossa linhagem de família, a longa cadeia de ancestrais poderia nos enviar qualidades como determinação, vitalidade, sabedoria, bem como defeitos na forma de julgamentos ou comportamentos autodestrutivos, ferimentos que nunca foram tratados e que devemos reconhecer e curar antes de poder atingir o melhor de nós mesmos. Errando ou acertando foram nossos antepassados que tornaram possível nossa realidade, influenciando nossa aparência física, nosso comportamento, nossas escolhas, medos, sonhos, impulsos...

 

Abordando o aspecto pessoal, uma constatação que se observa é que herdamos características de nossos ancestrais pulando uma geração. A experiência mostra que quando os avós sofreram traumas sem poder “digerir”, “elaborar”, os filhos “psicologizam” o trauma e os netos os somatizam em formas mais ou menos graves e mais ou menos acessíveis aos tratamentos. Mas isto não é inevitável e cada geração tem que assumir seu trabalho de desenvolvimento e sobretudo de transformação. 

 

Como membros vivos e descendentes de uma linhagem, é nossa responsabilidade trazer o melhor de nós para ela, considerando possíveis erros do passado, corrigindo e fazendo surgir novas visões que nos ajudarão a crescer.

 

Devemos abrir a porta, muitas vezes fechada, para nossa linhagem de família, limpando comportamentos negativos e criando um espaço onde vamos nos conectar com eles e sentir que não estamos sozinhos e que nunca estivemos, porque eles sempre estiveram lá para nos apoiar.

 

Além disso, olhar e sentir o sol, a lua, o fogo estalando em uma fogueira, caminhar junto à natureza, cantar, assoviar, são coisas simples que nos conectam com nossos ancestrais mais próximos, bem como, com nossas origens mais longínquas, prazer e benefício que a vida moderna está afastando de nós.

 

Também a Dança Circular se apresenta como uma excelente forma de conexão com nossos antepassados! Quando dançamos as antigas danças vivenciamos o espírito daqueles povos, podendo sentir suas alegrias, suas tristezas, o que celebravam e cultuavam, seus ideais e valores.

 

Para nós do Metamorphösis a Dança Circular deve ser difundida na sociedade como forma de resgatar nossa identidade, nosso sentido de pertencer a algo, para não esquecer quem somos e para trazer de volta a espontaneidade e pureza das manifestações antigas.

 

Assim, quando dançarmos as danças antigas vamos fazê-lo como um ato de gratidão pelos nossos ancestrais porquê, bem ou mal, somos um produto do esforço e dedicação deles.


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