A atividade mental contínua nos mantém aprisionados no mundo do pensamento e funciona como uma tela opaca impedindo que nos tornemos conscientes do momento presente. Quanto mais identificados estivermos com nossos pensamentos, menos presentes estaremos e mais forte será a carga de energia emocional produzida, tendo, ou não, consciência disso.
Todos nós temos o vício do pensamento compulsivo que se torna nocivo na medida em que 80 a 90% dos pensamentos que cultivamos são repetitivos, ou inúteis ou de natureza negativa ou fantasiosa. Observe sua mente durante uma semana e verifique se isso não é verdade. Essa atitude causa uma perda significativa de energia vital.
Apesar disso, "o imaginário social destinou um lugar subalterno para o silêncio. Há uma ideologia da comunicação, do apagamento do silêncio muito pronunciada nas sociedades contemporâneas... o silêncio total é a rejeição da personalidade humana... uma coisa negativa, um vácuo" conforme explica a professora Eni Puccinelli Orlandi no seu trabalho 'As formas do silêncio: no movimento dos sentidos' (42ª ed. Editora da Unicamp/1997)
E é o excesso de barulho e de informações do mundo moderno que nos impedem de estar plenamente presentes no aqui e agora, único momento em nossa vida em que realmente existimos, portal de acesso a outros aspectos de nossa consciência que não a nossa mente.
Ficar em silêncio não significa não falar,
mas abrir os ouvidos para escutar
tudo que está a nossa volta.
Paulo Coelho
O silêncio interior é o ato voluntário de ultrapassar o nosso constante diálogo ou monólogo interno e olhar para tudo e todos sem julgamentos prévios, sem pré-conceitos, o que permitirá que possamos ouvir o lado inaudível das coisas.
É também o estado em que, embora o nosso corpo funcione normalmente, a nossa percepção se torna mais aguda, as decisões são instantâneas e parecem vir de um tipo especial de conhecimento destituído de verbalizações mentais. Os pensamentos são bloqueados e nossas faculdades operam de um nível de consciência que não requer a utilização do nosso sistema cognitivo diário.
As intuições, tão comuns às mulheres, são um exemplo desse estado, bem como os insights que todos nós alguma vez tivemos, aos quais chamamos de coincidência.
Precisamos aprender a cultivar o silêncio, pois é nele que repousa nossa intuição, criatividade e as emoções que influenciam nossa saúde física e mental.
Aí você pode se perguntar - "Mas como cultivar esse silêncio, se o mundo está tão barulhento?"
Exatamente por isso, pois o silêncio é o melhor remédio contra o ruído ou o melhor refúgio contra a agitação do mundo e uma das melhores formas de fugir do barulho e acalmar a mente é acalmando o corpo, que por consequência vai acalmar nosso sistema nervoso. Com um corpo e uma mente tranquilos, podemos sentir o campo eletromagnético de energia que nos circunda e o silêncio nos ajuda a torná-lo mais completo e brilhante.
Podemos também calar nosso diálogo interno ouvindo uma música ou, durante uma conversa, ficando conscientes dos curtos espaços de silêncio entre os sons da música ou os sons das palavras, ou seja, inverter o hábito de se concentrar nos sons, prestando mais atenção ao silêncio que existe entre eles.
Outra forma de silenciar a mente é concentrando-se totalmente no que se está fazendo no momento, seja lavando louça, desenhando, dançando, lendo um livro, observando uma flor, uma paisagem, um pôr de sol, em um estado de atenção total, de tal modo que não haja espaço para nenhum comentário mental ao mesmo tempo.
Existem ainda outras maneiras de cultivar o silêncio e criar um espaço no fluxo contínuo de pensamentos, por exemplo, em qualquer atividade mental, habituar-se a ir e vir, de tantos em tantos minutos, entre o pensamento e uma espécie de escuta interior, uma serenidade interior.
"Quando o nosso diálogo interno para,
o mundo entra em colapso e facetas extraordinárias de nós mesmos emergem, como se tivessem estado fortemente guardadas pelas nossas palavras.”
Praticar a Dança Circular e os Passes Mágicos da Tensegridade também são excelentes portas de entrada para o Silêncio Interior!
Comments